quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Mais um poema do meu livro Escudo de Pétalas





FLOR DA PALAVRA

Para o povo
tzotzil



A palavra brotou florida
Vibrou simpatia, não quis ir embora
Revelou a alma escondida
A voz da tribo nos lábios do agora.

A palavra está florida
Flutua sobre um mar de mil pétalas
Tranquila, elegante e sonora
É flor instantânea no silêncio das horas
Um privilégio dos poetas.

A palavra sempre estará florida
Pois o coração é um jardim que renova
O mistério fecundante, o fascínio da vida.
Enfim, a palavra é uma flor que a gente devora.



México (D.F.) - Junho/95

Um poema sobre o mercado pré-hispânico de Tlatelolco




PRÉ-COLOMBIANO ME FIZ

No mercado de Tlatelolco
Troco mantas de fino algodão
Por três grãos de tenro maíz,
Sorvo o incenso que deveria ser dos deuses,
Tranço petates durante longos meses
Sinto que o paraíso está por aqui.

No mercado de Tlatelolco
Encontro-me dissolvido nos rumores da multidão.
Entre plumas e palavras coloridas,
Sou uma nobre alma florida
No jardim da mexicana nação.

No mercado de Tlatelolco
Pude trocar versos com os colibris.
Admirei cascavéis, perus e os temidos jaguares
Pechinchei braceletes em nahuatl
E com os pochtecas soletrei otomi.

No mercado de Tlatelolco
Quase me enlouqueci.
Vi cantores ficarem roucos
De tanto dizer aos outros
Que pré-colombiano me fiz.

Fevereiro/95

Tikal (Guatemala)



Uma imagem da antiga cidade maia de Tikal, destacando o Templo 1, um dos ícones da arquitetura do período clássico, que abrigava os restos mortais do rei Jasaw Chan K'awiil (682-734). A origem do nome Tikal é relativamente moderna e deriva dos vocábulos maia ti ak' al, que, conjugados, significam "no olho d'água", numa alusão a um dos imensos depósitos de água que a cidade possuía. Contudo, a leitura fonética do glifo emblema associado a essa cidade maia, indica que seu nome foi Yax Mutal. Tirei esta foto quando eu estava no topo do Templo 2. Espero que vocês apreciem.



Foto : Antônio Augusto