terça-feira, 31 de maio de 2011

Um poema para não esquecer o que houve em Canudos





Os versos abaixo são dedicados aos escritores Euclides da Cunha e Mario Vargas Llosa, dois tradutores literários da inusitada experiência de Canudos (1893 a 1897, Bahia), e a José Wilker, talentoso ator brasileiro (foto), que deu vida ao beato Antônio Conselheiro na mais recente versão cinematográfica dessa epopeia nacional.






Palavras do vento

O vento contou-me uma história
Do tempo em que a República recém-nascia
Disse-me que no Brasil houve um beato
Pai espiritual de jagunços fanáticos
Sertanejos de um Belo Monte da Bahia.

Soprou-me que nos confins daquela terra
Tal homem peregrinara em busca de ovelhas perdidas.
Sua voz era um chamado ecoando no horizonte
Profetizara como jamais alguém fizera antes
Enfim, era o cálice para os sedentos de vida.

Longa barba descia-lhe do rosto
Melenas enfeitavam-lhe a fronte serena
Roxa túnica cobria-lhe o delgado corpo.
Esse andarilho cristão do cajado torto
Queria ser solidário apenas.

Desde o batismo, por Antônio respondia
Mas Bom Conselheiro era como lhe mimavam.
Foi outro guerreiro à serviço do Crucificado
Detentor de um verbo fluido e santificado
A encarnação da esperança para os que nele criam.

Dizia que o fim dos tempos estava por vir
E que seu povo devia se preparar para a guerra.
O Anticristo marchava em direção à Canudos
E vencê-lo era fazer o nada triunfar sobre o tudo,
Pois quem não tem fé, covardemente ferido, se entrega.


BH/ maio de 2011

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